quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Policiais X Polissauros – atividade policial militar e a era da informação

A polícia é condição de existência da atividade humana organizada por meio do Estado. Ela veio a substituir o autopoliciamento presente em tribos primitivas e em sociedades medievais e representam o desenvolvimento da sociedade urbana industrial quando da proteção dos direitos instituídos. Já foi utilizada para consolidar poderes autoritários e hoje – pelo menos no Brasil – repousa sobre a conquista da cidadania  do Estado Democrático de Direito. Sua função é de proteger bens, pessoas, de garantir – sob a luz da lei – a paz e a ordem pública, e de preservar as liberdades e a defesa das instituições e da soberania nacional. 
A tecnologia evoluiu. O Estado evoluiu. E a sociedade embarcou.
É praticamente impossível um cidadão não possuir um telefone celular que fotografe ou que filme. Aliado a isso, com a velocidade de um clique, redes sociais, mensagens eletrônicas e mídias em geral propagam ininterruptamente opiniões, ideias e fatos que são alimentadas por centenas de milhares de leitores de toda ordem no espaço cibernético. Neste emaranhado de divergências e convergências virtuais a mesma sociedade que deposita fé na atividade policial – e que projeta nela a justiça – também a julga e condena, de pronto, pelas denúncias de excessos, arbitrariedades e impunidades. 
Esquecendo que assim como para os demais funcionários públicos, os policiais são submetidos à sanção administrativa disciplinar e também  respondem por seus atos infracionais na esfera civil e penal. O panóptico de Foucault, neste sentido, também evoluiu: não é mais só o Estado que vigia e pune seus desviantes, mas também é a sociedade que direciona suas lentes aos agentes do Estado.
Precisamos superar o revanchismo antimilitar que herdamos pós-1988. Mas nossas condutas podem –e devem – ser pautadas pelo mesmo meio a que somos condenados: as mídias. Google, blog, youtube, sites especializados, redes de compartilhamento. Um sem fim de fontes de informação. Usemo-las. Exploramo-las. Divulguemos nossos logros, nossas virtudes, nossa capacidade e nossa coragem. Mas também tenhamos muito cuidado para não fazermos um sensacionalismo como fazem quem nos detrata. Sejamos policiais audazes e internautas astutos. Ora, instrumento sem perícia é como água sem receptáculo.
Parafraseando Aristóteles: Eduquem-se os policiais e não será necessário um inquérito. A reprodução dos jargões militares é benéfica quando absorvida a essência disciplinadora e coesiva neles ricamente expressados, porém, causam tamanho prejuízo à imagem e ao fim último de nossa missão institucional  quando levada de forma equivocada. Ora, conhecimento sem discernimento é como palavra sem contexto.
O Poder Hierárquico e Poder Disciplinar são mais que pilastras estáticas em nossa estrutura e em nossa cultura organizacional – são forças motrizes de uma engrenagem que nos movimentam sempre no sentido do melhor resultado, eficaz. Jamais devem servir como um instrumento de arbitrariedade.Também deverá levar erguida, acima e a frente, sua bandeira maior: a lei – a mãe desses dois poderes siameses.
Precisamos e queremos uma Polícia de Qualidade para uma Sociedade de Qualidade. Quantos percalços ainda carregamos nas costas para tanto? É preciso conhecer e reconhecer que estamos no início da caminhada.Porém esse ideal não é apenas  de nossa classe, do sistema de segurança ou do governo. É um ideal de nossos familiares, de nossos vizinhos, de nossos entes e mesmo de nossos desconhecidos. É o sonho de todos. Não podemos travar uma luta pela mudança pela melhoria, sozinhos.  
A época dos polissauros já passou, época que a informação era escassa e o trabalho urgente, mais que a formação. Sejamos policiais abertos aos avanços tecnológicos, associados e compromissados com a melhoria, troca de informações sem contudo deixar de aliar ao trabalho, que atualmente triplicou, o aperfeiçoamento, instruções adquiridas na sala de aula e a contribuição que cada um pode validar mediante os instrumentos oferecidos pela própria instituição para que sejam revistas e adequadas às normas, regulamentos, instruções normativas e procedimentos.
(Texto: Al Of Pm M. Araújo e Al Of Pm Fabiana/Imagem:deterrorist.blogs.sapo.pt)

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